
Mídia eletrônica profissional


As diferencias entre o áudio comum e o HD
Recentemente, algumas empresas como Sony e Pioneer começaram apostar na popularização do áudio HD. Muita gente questionou, nós também. Fomos então conversar com um produtor musical para responder esta pergunta: será que o áudio em alta definição faz alguma diferença? Vale a pena?
Se no vídeo é bem fácil definir a alta resolução pela quantidade de pixels, no áudio a coisa é um tanto complicada – não existe medida padrão que se defina como "alta resolução". O que se sabe é que, tecnicamente, o áudio HD tem uma amostragem maior do que o áudio do CD. Até aí, tudo bem.
Lançados no início dos anos 80, os CDs têm 16 bits de profundidade e taxa de amostragem de 44,1 kilohertz; ou seja, o sinal analógico é convertido para o digital, criando 44 mil e 100 pontos de dados por segundo transformados em analógicos novamente quando tocados. No áudio HD, o que a Sony e outras empresas afirmam é que o novo formato tem pelo menos 24 bits de profundidade e uma taxa de amostragem de 96 kilohertz. Mas será que isso faz alguma diferença?
Ainda que o CD tenha perdido espaço para os arquivos digitais, sua qualidade de reprodução é a máxima perceptível pelo ouvido humano, que varia entre 20 e 20 mil Hertz.
A questão é que, tecnicamente, existe a possibilidade de gravar, mixar, masterizar e até finalizar um arquivo de áudio com qualidade muito superior à do CD. A polêmica entra quando voltamos à pergunta inicial: faz diferença?
Antes de realizar testes para comprovar alguma coisa, Guilherme explicou que na música clássica, que é reproduzida com muitos instrumentos e tem uma quantidade de harmônicos altíssimas e até um certo brilho, muita coisa acontece em taxas de frequência acima da nossa capacidade auditiva. Basta dar uma olhada no gráfico; contra fatos, não há argumentos.
Segundo ele, outros tipos musicais mais populares, como a própria música pop, o rock e o hip-hop, não são sequer gravados com equipamentos capazes de captar esse áudio em alta definição. Mesmo porque os próprios produtores e artistas entendem logo de cara que o investimento não faz tanto sentido.
E, não adianta simplesmente tentar buscar essa diferença entre o áudio do CD e o HD. A maioria dos equipamentos de som disponíveis no mercado como caixas acústicas e fones de ouvido não respondem acima dos 21 mil hertz. Mas nesta academia de áudio, o Guilherme preparou alguns testes para avaliar se existe mesmo diferença entre as duas qualidades; aí, sim, usamos monitores profissionais que tocam até 40 mil hertz... dá só uma olhada; ou melhor, ouve aí...
Em um primeiro teste, colocamos alguns alunos do curso de produção musical para comparar uma composição clássica de Tchaikovsky em qualidade de CD e, logo em seguida, em HD...
Será que alguém notou qualquer diferença?
Em um segundo teste, comparamos os arquivos de diferentes resoluções por exclusão. Simples, com alguns ajustes, o Guilherme fez com que tudo que houvesse de igual entre os dois arquivos fosse cancelado – assim, só era possível escutar a diferença entre eles. Primeiro a gente comparou o áudio de CD com um MP3 de baixa qualidade; com apenas 11 mil hertz...
Neste caso foi fácil perceber a diferença; mesmo para os mais leigos e com ouvidos menos apurados. Agora, olha só o que aconteceu quando a gente comparou por exclusão o mesmo áudio de CD com o áudio em HD...
A conclusão que chegamos é que a diferença entre os arquivos de áudio é bastante subjetiva e, quando tocada sozinha, inaudível aos ouvidos humanos. Mas quando tocada junto com o restante das frequências, em equipamentos com capacidade para reproduzir as frequências do áudio HD, fisicamente, há uma sutil diferença. Resumindo, é uma diferença que apenas alguns ouvidos mais apurados podem sentir, não ouvir.
Desta conclusão, podemos também afirmar que ninguém vai notar qualquer diferença entre o áudio de CD e outro em HD em fones de ouvidos comuns. Provavelmente poucos modelos profissionais tocam tais frequências. A verdade é que talvez essas empresas estejam usando o apelo do tão popular “HD” como mais uma jogada comercial. Agora você responde: será que vale a pena?